Das ficções, escolhemos a mais realista. Enquanto esperamos os trabalhos de arqueólogos, sociólogos, historiadores, antropólogos e filólogos acharem novas descobertas que pudessem trazer informações mais precisas sobre Jesus de Nazaré e a sociedade de seu tempo, temos que escolher, entre as abordagens fantasiosas sobre ele, a que mais encaixa na realidade.
E, nesses casos, quem diria que Trey Parker e Matt Stone derrotaram Chico Xavier de forma mais rápida do que aquela luta de Ronda Rousey contra Bethe Correia no UFC (se bem que detestamos essa prática; mas vale a comparação). Pois os dois criadores do South Park derrotaram o "iluminado médium" num único golpe.
O South Park já fez aquele episódio natalino, em que os bichinhos da floresta eram na verdade criaturas perversas, mostrando a armadilha que existe de estereótipos de amor e beleza que escondem planos traiçoeiros de dominação e exploração.
Sobre Jesus, vemos que o Jesus de South Park é uma pessoa valente, um homem que está sempre disposto a ajudar (dado realista), embora voltado a dados "surreais" como ser guerreiro e lutador quando necessário.
Já o Jesus de Chico Xavier é, ao mesmo tempo, o "governador da Terra" e, talvez, o "co-criador do Universo" (já que esses "espíritas", tão cheios de ranço católico, não conseguem se resolver se Jesus e Deus são a mesma pessoa), é ao mesmo tempo tão poderoso e onipotente e, contraditoriamente, tão medroso, inseguro e ignorante.
Em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, por exemplo, o livro que o esperto Chico Xavier botou na conta de Humberto de Campos que, se realmente ouvido lá do além, afirmaria nunca ser capaz de escrever uma bobagem dessas (Humberto nem sequer conhece Chico senão à distância, quando resenhou aquele livro de pastiches poéticos), Jesus parecia tão bobo de tão inseguro.
Jesus, medroso e triste com os rumos da humanidade, mas com aquela tristeza infantil e insegura, chegava ao ponto de, "senhor" do Universo, perguntar a um tal de Helil (que Chico Xavier dizia ter sido, depois, o Infante Dom Henrique) onde ficava o Brasil.
Helil, embora piedoso, mas falando como se soltasse uma ironia, disse ao "mestre" que era só se guiar por um grupinho de estrelas - a "constelação" do Cruzeiro do Sul - e, se ver uma porção de terras abaixo, ela é o Brasil. Ou não seria a Ilha de Vera Cruz, a Terra de Santa Cruz?
Jesus não parecia seguro de seus atos, reagia choroso aos retrocessos da humanidade, e depois ficou alegrinho quando os navios guiados pela caravela de Pedro Álvares Cabral atracaram em Porto Seguro, na Bahia.
Aí, então, veio a tolice. Um bando de portugueses exploradores das riquezas do solo visitado eram aclamados, por anjinhos em festa lá no céu, cantando umas tais de sinfonias de grande beleza (deve ser o "funk", a música mais chiquista do país), anunciando o "novo Eldorado", a construção do "Coração do Mundo" e outras bobagens.
O mesmo Jesus abobalhado reapareceu no sonho de Chico Xavier de 1969, após astronautas da Nasa pisarem no solo da Lua. Jesus teria aparecido na reunião em que os "maiores líderes", do Universo ou do Sistema Solar conforme o gosto de quem contar a estória trazida por Geraldo Lemos Neto, por causa do medinho de que a Viagem à Lua poderia provocar a Terceira Guerra Mundial.
Muitas pessoas devem reclamar dessa comparação, achando que o Jesus de South Park não passa de um Rambo enrustido. Mas, pelo menos, é um Jesus bem mais realista, pela segurança e firmeza de caráter e pela capacidade de agir pelas pessoas, nem que seja para metralhar o Estado Islâmico, do que o "mestre" abobalhado dos livros de Chico Xavier.
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