terça-feira, 19 de maio de 2015

Nos anos 80 não precisávamos de religião

Na década de 1980 não tínhamos necessidade de religião. Afinal, estava tudo ali:

Tínhamos Jesus e Maria.

Tínhamos a Bíblia.

Tínhamos Fé.

Tínhamos o Culto.

Tínhamos a Cura.

Tínhamos a Igreja.

Tínhamos a Casa do Amor.

Tínhamos as Irmãs da Misericórdia.

Sabíamos o sentido da Missão.

Recebíamos mensagens de Chico.

Acreditávamos na promessa de uma Grande Nação.

E entrávamos nos anos 90 Espiritualizados.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Críticos musicais de rock recorrem a Chico Xavier para aceitar a Rádio Cidade


Os críticos musicais de rock e os colunistas de rádio recorrem aos ensinamentos de Francisco Cândido Xavier para louvar a "religião do rock" da Rádio Cidade, recorrendo à resignação sem questionamentos e o deslumbramento por pouco ou quase nada.

Sabe-se que, como toda religião, a "religião do rock" da Rádio Cidade ignora todos os fundamentos originais da cultura rock, sendo na verdade uma doutrina deturpada, porque a deturpação é o combustível da fé cega e do fanatismo.

Dessa forma, a Rádio Cidade é trabalhada por gente NÃO especializada em rock, e ouvida por jovens que não têm a menor ideia do que ouvem e se o que ouvem é realmente importante ou não. Se uma bobagem como The Presidents of The USA é rock clássico, eles aceitam de mão beijada.

Claro que a Rádio Cidade não toca 99% do que acontece no rock no mundo inteiro. E sua programação diária, cheia de programas de besteirol (e até, pasmem, de futebol, como se Neymar, só por ter usado cabelo moicano, tivesse sido roqueiro um dia, coisa que nunca foi sua praia nem muito menos seu gramado) e com sucessos musicais repetindo a toda hora.

Mas os críticos musicais de rock seguem os ensinamentos de Chico Xavier para aceitar e exaltar a Rádio Cidade: sofrer em silêncio a cada barbaridade que seus locutores engraçadinhos e suas dicções tresloucadas (ou, quando muito, uma serena voz de mauricinho triste) falam na emissora e a ausência de músicas mais alternativas ou mais substanciais de rock.

Sofra em silêncio, sofra amando, ore um Pai Nosso para que o espírito de Jimi Hendrix baixe a toda hora nos 102,9 mhz da emissora carioca (embora seja impossível tocar além de "Fire" e "Purple Haze" e "All Along the Watchtower", esta cover de Bob Dylan, ainda assim, lá de madrugada) ou rezar um terço para que até O Terço seja tocado na colorida e animada emissora.

Aguente sem questionar que uma rádio - que já peca ser chamada Rádio Cidade, nome que nada tem a ver com rock - venha com locução mauriçola, programas de besteirol, vinhetas tipo Jovem Pan, linguagem animadinha.


Se você tem mais de 30 anos, aguente amando ser tratado como um moleque retardado de cinco anos de idade pela emissora e ouvir as mesmas mesmices musicais 10 vezes ao dia, de quatro em quatro meses.

Aguente tudo isso, porque daqui a um tempo terá o Rock In Rio 2015, comemorativo dos 30 anos, e você concorrerá a um ingresso de graça. E daqui a pouco tem Pearl Jam no Brasil, e você poderá ter ingresso de graça, como prêmio por aceitar a Rádio Cidade tocar uma pequena dezena de hits da banda de Eddie Vedder, isso com a banda tendo 25 anos de estrada.

Suporte em silêncio, sem queixumes, porque no ano que vem tem mais Lollapalooza, Monsters Of Rock, medalhão do rock vindo ao Brasil e você, crítico musical, sabe que a Rádio Cidade não é lá essas coisas, Rádio Cidade sendo rádio de rock soa como os Backstreet Boys fazendo heavy metal.

Aguente tudo sem queixumes e vá chorar um pouco vendo a exposição Maldita 3.0 e os tempos em que o rock era melhor tratado pela Rádio Fluminense FM e seus locutores que falavam como gente de verdade, longe dos animadores de festinhas infantis da Rádio Cidade de hoje.

Chore um pouco, mas chore em silêncio para não assustar a criançada. Chore ao saber que, antes, a Fluminense FM era capaz de fazer chacota com o marketing de guerrilha que se fazia quando a Cidade arriscava a botar na vitrola algum solo de guitarra mais barulhento, e hoje são os violentos ouvintes da Cidade que fazem bullying contra os órfãos da Fluminense.

Daí os críticos de rock parecerem terem lido O Consolador, que Emmanuel ditou para Chico Xavier, antes de escrever alguma nota sobre rádio. Eles são capazes de tolerar, sem queixumes, uma rádio pop se passar por "radicalmente roqueira". Até porque Chico Xavier fez algo parecido. Ele era católico da gema, virou "radicalmente espírita" pelo mesmo oportunismo da Cidade pelo rock.

Daí tudo ser "mó irado, mermão". E a crítica musical sofrendo com amor e orando em silêncio. Tudo em troca dos próximos Lollapalooza, Mosnters of Rock e Rock In Rio e os ingressos de graça a serem sorteados pela rádio.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Estado natal do Dr. Bezerra de Menezes pode ter Aeróbus


Fortaleza, capital do Ceará, poderá ser a primeira cidade do Brasil a implantar o Aeróbus, o transporte do sistema integrado de ônibus de Nosso Lar, conforme diz o best seller do fictício André Luiz trazido pelo "todo sábio" Chico Xavier.

Ele vai ser o BRT que vai circular justamente na avenida Bezerra de Menezes, para alegria dos seguidores do "Dr. Bezerra" e dos busólogos que adoram pintura padronizada porque odeiam diversidade e individualidade - qualidades que não são o forte do "movimento espírita" - e aguentam qualquer tranco para ganhar ônibus com ar condicionado, chassis sueco e, de preferência, BRT.

Constam-se algumas interpretações que a pintura padronizada nos ônibus teria sido implantada antes do Brasil, na colônia espiritual de Nosso Lar, por volta dos anos 1920 do nosso planeta. Outras fontes indicam que foi há mais de dois mil anos, pelas autoridades do Império Romano.

Quanto a essa hipótese, a pintura padronizada, que dividia as empresas de acordo com o controle de castas romanas, senadores sufetas, equestres (que ficavam com a Zona Oeste) e prefeitos (que administravam as linhas alimentadoras), envolviam bigas. O transporte de escravos tinha o seu padrão visual próprio.

Mas, em todo caso, a capital do Estado onde nasceu o médico, político e militante catól... quer dizer, "espírita" (as aspas são nossas), dr. Adolfo Bezerra de Menezes (nascido na interiorana Riacho do Sangue, rebatizada pela atual Jaguaretama), implantará o BRT Bezerra de Menezes, para celebrar a pintura padronizada vigente nos ônibus de Fortaleza.

É claro que as autoridades de lá tentam apelar para colocar logotipozinhos de empresa para dizer que querem facilitar a identificação por parte dos passageiros, mas as autoridades parece nunca terem usado óculos na vida, ou, se usavam, nunca fizeram um único exame de vista.

Isso porque o nominho da empresa é ótimo para quem está encostado no ônibus e vê de perto o nome através do logotipo, podendo, andando por um terminal ou ponto de ônibus, reconhecer o nome de uma empresa e o de outra.

Mas se o passageiro quiser acenar para um ônibus que vêm ao longe, isso não pode ser feito. O logotipo da empresa, por mais "destacado" que fosse, desaparece ao longe, e os ônibus com pintura padronizada continuam sendo iguaizinhos uns aos outros, de longe gatos onças e tigres são todos pardos.

Fazer o quê? As autoridades querem pintura padronizada nos ônibus e fim de papo. Como explicar a realidade dos passageiros nas ruas para tecnocratas e políticos que passam o tempo todo brincando com o computador e planejando mobilidade urbana jogando The Sims e estabelecendo seus projetos fantasiosos usando computação gráfica e gravando em arquivos do PowerPoint?

Desculpe, mas todo esse pessoal - inclui de Jaime Lerner a Eduardo Paes - vive no mundo da lua. Mas talvez eles ficassem pensando em Nosso Lar, a cidade dos sonhos de toda elite dotada de ideias "pragmáticas", nome que é eufemismo para uma combinação entre arbítrios técnico-político-empresariais e imposição de um padrão medíocre de qualidade de vida.

Eles sonham com Nosso Lar, com aquelas construções brancas e imponentes, hospitais que parecem shopping centers, praças limpinhas e bonitinhas, grama bem aparada, e um bando de gente sem individualidade vivendo como zumbis depois de um bom banho, de uma boa cirurgia plástica e com vestuário novinho de roupas de um branco brilhante.

sábado, 9 de maio de 2015

Ex-falsificador dá uma lição aos supostos "médiuns" da pintura


O pintor alemão Wolfgang Beltracchi ficou rico falsificando estilos de grandes pintores. Era considerado "o falsificador dos falsificadores", pelo seu estilo de imitar estilos de outros pintores.

Max Ernst, Heinrich Campendok, Max Pechstein, Fernand Léger, André Derain foram suas principais vítimas, cujas falsificações chegaram a enganar galerias conceituadas de arte.

Ele e sua esposa, Helen, chegaram a montar uma história de uma suposta colecionadora, tida como a avó da mulher, que teria comprado a coleção guardada pelo famoso galerista alemão Alfred Flechtheim.

Para forjar a foto da colecionadora, a própria Helen virou modelo de uma fotografia que depois foi editada para parecer antiga, usando papel dos anos 1930 para imprimir os negativos.

No documentário A Arte da Falsificação (Art of the Forgery), Wolfgang disse que era fácil imitar com relativa perfeição os estilos de grandes pintores, incluindo Rembrandt e Leonardo da Vinci. "Acho que posso pintar qualquer coisa", diz no seu depoimento.

O que acabou revelando a fraude é que a tinta utilizada para o quadro Rotes Bild mit Pferden (1914), de Heinrich Campendonk, usou um pigmento, branco titânio, que não existia na época em que o quadro foi pintado. Denunciado, foi preso e condenado a seis anos de prisão. Helen foi condenada a quatro.

Depois de passar o tempo na prisão pintando retratos de outros detentos, Wolfgang decidiu assumir seu talento, pintando quadros próprios sem a preocupação de imitar estilos alheios. Abriu a mostra Liberdade, na galeria Art Room 9, em Munique, Alemanha.

Taí uma grande lição que Wolfgang traz para alguns supostos "médiuns" brasileiros, figuras "tarimbadas", que se encanam em fingir que estão recebendo pintores mortos a produzir novos quadros. Se esses "médiuns" deixassem de mentir e assumir obras próprias, a filantropia que prometem talvez tivesse mais sentido.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

89 FM: não-religião ou neo-religião?


Caso gozado o dessas "rádios rock" como a 89 FM (e, por conseguinte, a carioca Rádio Cidade).

Elas tratam o rock como se fosse uma religião, como se fosse a única coisa decente do mundo, sendo que o resto não presta.

Só que, como toda religião, os fanáticos pegam tudo de forma deturpada e parcial, endeusando o rock sem entender bulhufas do que foi a sua História e o que é o seu cotidiano.

Os caras que ouvem a emissora paulista que se diz "A Rádio Rock" não sabem 99,99% do que realmente acontece na cultura rock do Brasil e do mundo.

Pior, esses ouvintes já estão dando para esculhambar o Led Zeppelin e o The Who, dois dos maiores mestres do verdadeiro rock que passa a anos-luz de distância da 89 (e da Cidade).

Que cultura é essa que os tão convictos "roqueiros" da 89 FM curtem é algo que não dá para entender.

Eles acham que futebol é "esporte rock'n'roll", insistem nessa tese cujo número de adeptos não lota sequer arquibancada de um jogo ruim de futebol de várzea, ignorando que 99,99% dos jogadores de futebol torce o nariz para esse ritmo marcado pelas guitarras elétricas.

Como quem vê o argueiro nos olhos adversários e ignora a trave nos próprios olhos, o pessoal da 89 FM esculhamba os emos sem saber que programas besteirol como "Esquenta" e "Do Balacobaco" são tão ou mais emos do que o Restart e seu coloridíssimo happy rock.

Mas não se pode dar um pio contra a 89 FM que os ouvintes da rádio entram em "tensão pró-monstrual" com um fanatismo comparável ao da "galera" do Estado Islâmico. Em menos intensidade que os esquentadinhos que no outro lado da Via Dutra ouvem a Rádio Cidade, que não entendem muito de rock mas sacam direitinho de remédios contra os nervos.

Para eles, "rock" é uma religião, e, como tal, é cheia de mistérios e mitos para os quais não se pode questionar, só se pode acreditar.

Se, por exemplo, os locutores da 89 falam igualzinho aos da Jovem Pan FM, deve-se acreditar o contrário só porque eles anunciam o Metallica em vez de One Direction, ainda que falem as mesmas bobagens e gírias com o mesmo jeitão de animadores de festinhas.

Se os ouvintes da 89 (e da Cidade) veem o rock da forma superficial e míope, desprezando tudo o que representa a cultura rock no mundo ou mesmo no Brasil (volta e meia esses ouvintes dão um surto e passam a odiar Renato Russo e Raul Seixas), mesmo assim temos que aceitar que só a visão de rock desses ouvintes é que vale, o mundo é que se dane.

E olha que o coordenador da rádio e um de seus apresentadores (com voz de animador de festinhas), Tatola Godas, foi vocalista de uma bandinha chamada Não Religião, grupo proto-emo que imitava a Plebe Rude e o Ira! e teve o nome "chupado" do Bad Religion.

Só que, do jeito que são os fanáticos da 89 FM - e, em dose maior, os "talibãs" da Rádio Cidade - , isso não é uma não-religião, mas uma neo-religião. Num país que diviniza até o "funk" e o Luciano Huck, "religiosizar" o rock está dentro do contexto.