quarta-feira, 29 de novembro de 2017

"Espiritismo" e homofobia

O "espiritismo" brasileiro anda muito, muito, muito conservador. Mas muito, muito, muito mesmo. Só que tem certas situações que precisam ser controladas.

A homofobia, por exemplo. Embora temos a atuação histérica de Carlos Vereza, que foi o dr. Adolfo Bezerra de Menezes no cinema, contra a causa LGBT e a atitude um tanto sutil de Chico Xavier atribuir ao homossexualismo uma "confusão mental", os "espíritas" tentam dar uma postura anti-homofóbica.

Eles, sedentos para aumentar o rebanho - num momento em que o movimento religioso sofre séria crise de identidade, tal seu "kardecismo" com ideias roustanguistas - , evidentemente irão acolher com muito carinho quem é gay, lésbica, transgênero, travesti ou bissexual, dentro daquelas perspectivas dos "espíritas" de que "todos somos irmãos e devem ser tratados com a devida consideração".

A ideia é acolher a comunidade LGBT ou LGBTT para as "casas espíritas" no maior clima de fraternidade. A aplicação da "cura gay" fica para depois.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

"Médium" pode tudo

Um criminoso detido pela polícia depõe na delegacia e o delegado analisa sua ficha criminal.

O delegado, com olhar de preocupado, diz, friamente:

- Olha, rapaz, do jeito que é sua ficha criminal, tão extensa, não tem jeito, não, você vai morrer na cadeia com tantos anos de pena. É coisa de um século e meio de anos de detenção.

O criminoso, choroso, logo suplica:

- Tenha dó, seu doutor! Eu sou médium espírita, psicografei uns três livros e mantenho um sobrado que abriga pobres e doentes.

O delegado para uns segundos para pensar e decide:

- Pode soltar o cara. Ele é médium. Logo ele é inocente. Libera ele imediatamente. - disse o delegado a um carcereiro que iria levar o detido à cela e foi dispensado de tal tarefa.

Vê como "médium" pode tudo no Brasil.

sábado, 18 de novembro de 2017

Almas gêmeas

Aécio Neves da Cunha e Francisco Cândido Xavier. Ou Aécio Neves e Chico Xavier. Mineiros que comiam quietos (Aécio ainda come). Arrivistas com apelo supostamente messiânico. Pessoas beneficiadas pela blindagem mesmo diante de suas piores decisões. Gente que nem a mais enérgica Justiça conseguiu pegar.

Aécio Neves admirava Chico Xavier. Chico Xavier sonhava com um líder como Aécio Neves. Se estivesse ainda vivo - ou, para dizer aos "espíritas", encarnado - , Chico teria apoiado Aécio em 2014.


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Literatura 'fake'

Dois jovens conversam a respeito da intenção de um deles.

- Sabe, eu quero lançar um livro fake de Carlos Drummond de Andrade. Escrevi alguns capítulos. Trouxe esse para amostra. - disse o rapaz.

- Mas isso não é perigoso, não? - disse o outro.

- Que!... Acho até que posso arrumar um pistolão. Veja este trecho.

O trecho corresponde a estas palavras:

"Havendo uma pedra em cima do caminho, vemos que a pedra é de Pedro, um pedreiro que largou o emprego para trabalhar como biscate. Um rapaz supimpa, pronto a entrar no WhatsApp e se destacar com a galera. Sua presença bomba em toda vez que entra em conexão. Tudo lacra, a Internet fecha com o cara, porque tudo que ele escreve é muito irado e arrebenta a boca do balão".

- Você acha que isso é Carlos Drummond de Andrade? Isso nada lembra o estilo dele, para ser completamente sincero. - disse o amigo do rapaz que quer fazer o livro. - Eu não sei, não, vejo que você só vai arrumar problemas com isso.

De repente, uma terceira pessoa chega.

- Ouvi a conversa de vocês e posso garantir que o cara pode lançar este livro fake e nada jamais acontecer com ele. - prometeu o terceiro.

- Mas isso é tão grosseiro, meu amigo que vai lançar o livro pode arrumar problemas de extrema gravidade. A vida pode acabar para ele, se lançar o livro! - disse, preocupado, o amigo do rapaz.

Mas eis que o terceiro diz:

- Deixe eu ler este trecho.

O trecho foi dado e o terceiro indivíduo foi analisando. De repente, ele dá uma solução, dizendo ao rapaz que quer lançar o livro.

- Você pode lançar sua obra como está. Sob duas condições.

- E quais são? Mas a obra não foge do estilo do Drummond?

- É, mas tem um jeito. Você tem que arrumar um sobrado e criar uma casa religiosa e filantrópica. Mas isso é questão de tempo. Quanto ao livro, deixe como está, inventa que foi do espírito de Drummond e apenas acrescente, em várias partes do livro, parágrafos com as seguintes ideias: "somos todos irmãos em Deus" e "vamos nos unir pela paz em Cristo". Funciona fácil. É como tirar doce de criança.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Franca blindagem

Ás vezes, o sobrenome Franco é associado a certas imunidades.

No governo Michel Temer, temos o caso do ministro Wellington Moreira Franco.

O político fluminense é beneficiado por ter obtido foro privilegiado.

No final do mês passado, Moreira Franco recebeu da Câmara dos Deputados uma medida provisória que garantiu esta vantagem.

Isso significa que, em caso de Moreira Franco ser denunciado por algum escândalo de corrupção, ele só será julgado por tribunais superiores e não pela Justiça comum.

No "espiritismo", temos o "médium" baiano Divaldo Pereira Franco.

Divaldo foi organizar mais uma edição do Você e a Paz em São Paulo.

Aí decidiu homenagear o prefeito da capital paulista, João Dória Jr., e permitir que ele lançasse um estranho alimento.

Divaldo nem perguntou que se trata, não cobrou rigor algum para a "farinata" que João Dória Jr. divulgou com a camiseta do evento e citando o nome do "médium" em seu tecido.

Houve vínculo de imagem, mas a imprensa fez vista grossa. Os jornalistas fingiram que não viram que a terrível "ração humana" foi divulgada num evento comandado por um "médium espírita".

O "médium espírita" poderia ser responsabilizado pela "farinata", afinal foi o anfitrião da festa e permitiu que um produto condenado por entidades ligadas à nutrição, saúde pública e movimentos sociais fosse lançado no evento.

Mas essa responsabilidade nem de longe foi sequer indagada pela imprensa, que deixou tudo para lá.

Divaldo Franco saiu de fininho, pelo jeito, com uma imunidade semelhante à de Moreira Franco.

"Médium espírita" ninguém pega. "Médium espírita" faz das suas e não tem responsabilidade por tais atos. Divaldo fugiu pela porta dos fundos. Nem a imprensa de esquerda pegou ele.

Há até quem diga que, se houve um erro, a culpa é de algum espírito obsessor.

Vá entender.

Certas pessoas tem certos privilégios que estão acima de seus próprios erros.

Em se tratando de dois Franco, francamente... Que o digam os atores James e Dave diante dessa pasmaceira brasileira...