O Velho Sábio retorna à Pátria

Dois caras vestidos de branco com asinhas nas costas e um aro brilhante sobre a cabeça se dirigem a São Pedro, porteiro do céu. Eles estão acompanhados com um velhinho de óculos escuros e boina.

Anjo 1 - Mestre Pedro, trouxemos o velho sábio que o senhor pediu.

São Pedro - Muito bem, é este mesmo o velho sábio?

Anjo 2 - Sim mestre. É ele mesmo! Quem garante são os seus seguidores!

São Pedro - Bom, vamos verificar, pois aqui só entra mesmo quem atende ás exigências justas para a entrada nos mundos mais elevados. Ele deixou boas lições?

Anjo 1 - Sim, muitas lições. Até hoje frases dele são publicadas e redes sociais, confortando muita gente.

São Pedro - Hummm... Mas isso não garante nada. Ele ajudou alguém?

Anjo 2 - Ajudou muita gente, mestre.

Anjo 1 - Ajudou sim. Por isso mesmo é tido como maior filantropo do país em que ele viveu.

São Pedro - Ele deixou boas obras que comprovem isso?

Anjo 1 - Bom, ele deixou estes livros...

São Pedro - Deixe eu dar uma olhada.

Anjo 1 - Pois não.

São Pedro - Mas estes livros são um lixo. Só contém bobagens. Quem assina? Chico Xavier? Quem é esse cara?

Anjo 2 - O maior filantropo do país, segundo seus seguidores.

São Pedro - Não, não, não, não e não. Um cara que escreve livros tão chinfrins e cheios de graves erros e bobagens absurdas não pode ser considerado "sábio" e ser aceito pelas esferas superiores. Vou pegar o fichário e conferir qual foi o engano.

Anjo 1 - Certo.

São Pedro - Ah, vocês trouxeram o cara errado. As descrições estão corretas e o perfil exigido está certo, mas não se referem a esse tal de Chico Xavier. Vocês deveriam ter trazido o Eric Hobsbawn! Esse sim, corresponde ao que as esferas superiores exigem. Vão buscá-lo! Eric é quem deveria estar aqui!

Anjo 2 - E o que a gente faz com esse tal de Chico Xavier?

São Pedro - Esse daí é um nada, um Zé Qualquer. Um tolo sem importância! Vou assinar o formulário de sua reencarnação e ele voltará para a vida material para aprender a não ser tão tolo, se passando por sábio para enganar os outros. Ora, me mandam cada um para cá...