sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ministro culpa vítimas de tragédia em mesquita na Arábia Saudita


O Ministro da Saúde da Arábia Saudita, Khaled al-Falih, culpou os 717 mortos e mais de 800 feridos pela tragédia que ocorreu ontem, na mesquita de Mina, próxima à Meca - esta considerada lugar de oração obrigatório para a visita do seguidor do Islamismo pelo menos uma vez na vida - , na última quinta-feira, 24.

"Esse tipo de acidente poderia ter sido evitado. Contudo, foi a vontade de Deus", disse o ministro, em entrevista a uma rádio local no dia posterior ao do acontecimento, de acordo com o que informam as agências de notícias internacionais.

A culpabilidade das vítimas encontra ecos também no Catolicismo medieval e mesmo no "espiritismo" brasileiro, principalmente em Francisco Cândido Xavier. Um exemplo disso foi o livro Cartas e Crônicas, de 1966, que Chico Xavier lançou usando o nome de Humberto de Campos, mal disfarçado pelo tendencioso pseudônimo de "Irmão X".

Nele Chico Xavier acusou as centenas de mortos e os milhares de feridos da tragédia do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, ocorrida em 17 de dezembro de 1961, de terem sido sanguinários espectadores de incêndios que queimaram hereges em um estádio da Gália, por volta do século II da nossa era.

Em acusação semelhante, o médico e suposto médium de São José dos Campos, Woyne Figner Sacchetin, usando o nome de Alberto Santos Dumont, no livro O Voo da Esperança, lançado em 2009, acusou os mortos do acidente com um avião da TAM, em 17 de julho de 2007, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, de terem sido também gauleses sanguinários do século II.

Como os mortos do desastre do avião eram pessoas mais abastadas, seus familiares tiveram condições de pagar advogados e processar Woyne, que retirou o livro de circulação. Já os mortos do incêndio no circo, humildes, não tiveram até hoje dinheiro para pagar advogados nem sequer consciência, devido à precária escolaridade, de usar ao menos a Defensoria Pública para processar Chico Xavier.

Além disso, Chico Xavier já estava protegido por um grande lobby e uma forte blindagem que até hoje complica qualquer trabalho de contestação de seu ferrenho mito. A partir do chiquismo, os "espíritas" iriam mesmo concordar com o ministro saudita, através da tal Lei de Causa e Efeito. No moralismo "espírita", as vítimas são sempre as "culpadas"...

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