Caso gozado o dessas "rádios rock" como a 89 FM (e, por conseguinte, a carioca Rádio Cidade).
Elas tratam o rock como se fosse uma religião, como se fosse a única coisa decente do mundo, sendo que o resto não presta.
Só que, como toda religião, os fanáticos pegam tudo de forma deturpada e parcial, endeusando o rock sem entender bulhufas do que foi a sua História e o que é o seu cotidiano.
Os caras que ouvem a emissora paulista que se diz "A Rádio Rock" não sabem 99,99% do que realmente acontece na cultura rock do Brasil e do mundo.
Pior, esses ouvintes já estão dando para esculhambar o Led Zeppelin e o The Who, dois dos maiores mestres do verdadeiro rock que passa a anos-luz de distância da 89 (e da Cidade).
Que cultura é essa que os tão convictos "roqueiros" da 89 FM curtem é algo que não dá para entender.
Eles acham que futebol é "esporte rock'n'roll", insistem nessa tese cujo número de adeptos não lota sequer arquibancada de um jogo ruim de futebol de várzea, ignorando que 99,99% dos jogadores de futebol torce o nariz para esse ritmo marcado pelas guitarras elétricas.
Como quem vê o argueiro nos olhos adversários e ignora a trave nos próprios olhos, o pessoal da 89 FM esculhamba os emos sem saber que programas besteirol como "Esquenta" e "Do Balacobaco" são tão ou mais emos do que o Restart e seu coloridíssimo happy rock.
Mas não se pode dar um pio contra a 89 FM que os ouvintes da rádio entram em "tensão pró-monstrual" com um fanatismo comparável ao da "galera" do Estado Islâmico. Em menos intensidade que os esquentadinhos que no outro lado da Via Dutra ouvem a Rádio Cidade, que não entendem muito de rock mas sacam direitinho de remédios contra os nervos.
Para eles, "rock" é uma religião, e, como tal, é cheia de mistérios e mitos para os quais não se pode questionar, só se pode acreditar.
Se, por exemplo, os locutores da 89 falam igualzinho aos da Jovem Pan FM, deve-se acreditar o contrário só porque eles anunciam o Metallica em vez de One Direction, ainda que falem as mesmas bobagens e gírias com o mesmo jeitão de animadores de festinhas.
Se os ouvintes da 89 (e da Cidade) veem o rock da forma superficial e míope, desprezando tudo o que representa a cultura rock no mundo ou mesmo no Brasil (volta e meia esses ouvintes dão um surto e passam a odiar Renato Russo e Raul Seixas), mesmo assim temos que aceitar que só a visão de rock desses ouvintes é que vale, o mundo é que se dane.
E olha que o coordenador da rádio e um de seus apresentadores (com voz de animador de festinhas), Tatola Godas, foi vocalista de uma bandinha chamada Não Religião, grupo proto-emo que imitava a Plebe Rude e o Ira! e teve o nome "chupado" do Bad Religion.
Só que, do jeito que são os fanáticos da 89 FM - e, em dose maior, os "talibãs" da Rádio Cidade - , isso não é uma não-religião, mas uma neo-religião. Num país que diviniza até o "funk" e o Luciano Huck, "religiosizar" o rock está dentro do contexto.
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