sexta-feira, 6 de março de 2015

Acadêmicos que analisaram 'Missionários da Luz' merecem um ZERO


Uma verdadeira demonstração de malandragem acadêmica se observou à luz, ou melhor, sob o manto do "espiritismo" brasileiro, diante de suposições trazidas em torno do livro Missionários da Luz, de Francisco Cândido Xavier, lançado em 1945.

Tentando provar que o fictício André Luiz - do qual seus seguidores se engalfinham ao apostar se ele foi Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Faustino Esporel etc, na encarnação anterior - tinha feito descobertas científicas complexas mais de 60 anos antes de todo mundo, eles lançaram uma monografiazinha aqui acessível.

Eles juram de pés juntos que o tal André Luiz, que eles consideram um "espírito do além", teria difundido conhecimentos complexos sobre a glândula pineal, alegando que até mesmo a melatonina, substância produzida por essa glândula, teria sido evocada por André Luiz antes mesmo da descoberta deste hormônio pela ciência "da Terra", que foi em 1958.

Toda uma pompa é feita e os pesquisadores, Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Jr., Decio Iandoli Jr., Juliane P. B. Gonçalves, e Alessandra L. G. Lucchetti, com este trabalho, Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence, tentaram comprovar a sua tese.

Eles queriam de toda forma enfiar Chico Xavier no seleto clube de cientistas, pela desculpa de que ele tinha amiguinhos do além que entendiam tudo de ciência, nos mínimos detalhes, de trás para frente. E lançaram tudo isso num periódico científico de expressão menor, o Neuroendocrinology Letters.

E tudo isso ia bem até observarmos um detalhe que derruba de vez a tese "minuciosamente pesquisada", com "critérios metodológicos rigorosos", da turminha estudiosa, e que se confirma na lista de referências bibliográficas.

Eles simplesmente NÃO PESQUISARAM os livros existentes na época da elaboração do livro Missionários da Luz. Nos dados biográficos, fora Missionários da Luz, o título mais antigo data de 1977 e não há menção de "novas edições" de publicações originais dos anos 1940. Mas a maioria dos trabalhos só foi produzida nos últimos sete anos.

Eles ainda alegaram que a bibliografia sobre glândula pineal existente na década de 1940 era "extremamente escassa e altamente conflituosa", como se isso inviabilizasse qualquer estudo sobre glândula pineal antes de 1958, ano ao qual atribuem o começo de "grandes descobertas" na área.

Uma coisa é recorrer a terceiros, em fontes mais contemporâneas, que dizem que a bibliografia mais antiga era "escassa e conflituosa" (como se o conflito não fosse o motor do debate científico!...). Outra é questionar isso e buscar provas para ver se essa suposição de fontes mais atuais era verdadeira ou não.

Os pesquisadores não verificaram o conteúdo dos livros dos anos 1940, para realmente terem certeza se os cientistas da época analisaram ou não conhecimentos complexos sobre glândula pineal, sendo mais provável que já estivessem analisando e lançando suas teses.

O que os autores do "conceituado trabalho" sobre "André Luiz" se esqueceram é que a melatonina, mesmo sendo isolada em 1958 e assim batizada nesse ano, era no entanto um hormônio há muito tempo analisado pelos cientistas. Em muitos casos, descobertas científicas são apenas comprovações de algo que era estudado até mesmo décadas antes.

Portanto, uma coisa é certa. Os acadêmicos que analisaram Missionários da Luz merecem um ZERO, pela falta de pesquisa aprofundada no seu trabalho. Eles simplesmente não pesquisaram os textos da "extremamente escassa e altamente conflituosa" bibliografia para verificar suas teses e confiaram em fontes de terceiros para corroborar uma tese absurda.

Com toda a certeza, concluímos aqui, de uma vez por todas. O tal do "André Luiz" NUNCA antecipou conhecimentos científicos de qualquer natureza, nem em 13 anos (de 1945 em relação a 1958), nem em 63 anos (em relação a 2008).

Pelo contrário, se os livros existentes na época tivessem sido devidamente pesquisados, é muito provável que André Luiz é que esteja DEFASADO em dois, cinco ou até mesmo vinte anos, o que é vergonhoso para os pomposos acadêmicos, mas é muito mais realista e verídico.

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