É certo que a reportagem do Fantástico com o anti-médium Divaldo Franco já tem algum tempo, mas a culpa não é nossa quando, nos debates sobre as irregularidades do "movimento espírita" brasileiro, alguns incautos ainda ficam exaltando a filantropia da Mansão do Caminho.
Muita gente está assustada com a enxurrada, ou melhor, a avalanche mesmo de questionamentos que atingem o "movimento espírita" brasileiro e, como ondas gigantes, abatem sobre os pedestais de Chico Xavier e Divaldo Franco, os queridinhos da patota febiana.
A coisa está tão complexa que assusta até mesmo os críticos de primeira hora, que achavam que os males do "espiritismo" brasileiro se limitavam apenas a uma leitura pouco atenta à obra de Allan Kardec, através de apressadas consultas em traduções malfeitas, como as de Guillon Ribeiro.
Divaldo Franco, o rei do discurso verborrágico, andou comemorando a "façanha" de que a Mansão do Caminho, em 63 anos de existência, ajudou "mais de 160 mil pessoas", dado que é tão festejado por seus seguidores ou mesmo por contestadores menos aprofundados, que há quem queira colocar o feito no Guiness Book e pedir o Nobel da Paz para o anti-médium baiano.
Só que vemos que essa comemoração corresponde ao que se chama de "animação maior que a festa". Se calcularmos o que significam as "160 mil pessoas", ou "mais" desse número (infere-se que seja "um pouco mais"), chegaremos a dados numéricos não tão animadores assim.
Salvador tem, oficialmente, algo em torno de 2, 9 milhões de habitantes. Arrendondemos para 3 milhões, se considerarmos um grande contingente de gente do interior (em maioria, homens) que são ignorados pelos dados do Censo. E vamos distribuir, para cálculo de média, os 160 mil para cada um dos 63 anos da Mansão do Caminho, que, portanto, surgiu em 1952.
Se a Mansão do Caminho beneficiou (pouco) mais de 160 mil pessoas em toda sua trajetória, dividindo isso com 63 (correspondente aos anos de existência da instituição), isso corresponde um número anual de aproximadamente 2.540. Sim, 2.540 pessoas por ano.
Vamos então fazer a regra de três. Se três milhões correspondem a 100%, 2.540 é "x". Multiplicamos 3.000.000 por x e 2.540 por 100 e aí dá 3.000.000x = 254.000. Divide-se 254.000 por 3.000.000 para achar o valor de "x" e o que resulta, nesse cálculo matemático, é uma porcentagem de aproximadamente 0,08%.
Sim, isso mesmo. Em seus 63 anos de existência, a Mansão do Caminho, em Salvador, com sua filantropia considerada "de resultados surpreendentes", só conseguiu beneficiar menos que 1% da população total da capital baiana, e, mais grave ainda, inferior a 0,1%.
Ou seja, o número de beneficiados não chega a um décimo de toda a população da Cidade do Salvador, ainda com altos índices de pobreza e considerada uma das capitais com piores condições de vida no Brasil, apesar dos esforços das autoridades nos últimos anos para superar isso.
É questão de raciocínio lógico, de um cálculo matemático e de dado sociológico, meus irmãos!! Nada de calúnia, de pesquisa encomendada pelo pessoal da Igreja Universal do Reino de Deus nem de qualquer reação de arqueocatólicos que ainda não aceitam o neo-catolicismo híbrido e alucinante que é o "espiritismo" brasileiro. É, pura e simplesmente, Ciência e Lógica.
Mas os "espíritas" só aceitam a ciência e a lógica quando elas se ajoelham a eles e dizem "amém", como um grupo de acadêmicos de Juiz de Fora que anda confirmando como "verídica" cada fraude cometida por Chico Xavier.
E como é que Divaldo Franco chama um programa da Rede Globo para comemorar uma filantropia de nada? Se o número de beneficiados da Mansão do Caminho já é vergonhoso para os parâmetros carentes de Pau da Lima, bairro onde se situa a instituição, e mais ainda em relação à toda a capital baiana, ou, mais ainda, em relação ao Brasil e ao mundo!!
Para alguém que se julga "líder mundial" e "personalidade de alto valor e prestigio" como Divaldo, esse resultado é abaixo do medíocre. Como se não bastasse, o projeto filantrópico é apenas um processo de ensinar pessoas a serem inócuas trabalhadoras e chefes de família, apegados à devoção religiosa e destinados a se perder na multidão, sem fazer grande coisa para transformar a sociedade.
Portanto, é muita e muita comemoração para quase nada. Porque o dado mostrado sobre a Mansão do Caminho, que deixa os "espíritas" pulando de alegria feito campeões da final de um torneio, é simplesmente inexpressivo diante das dimensões populacionais que conhecemos.
E uma coisa é certa. Quando se comemora demais pelo pouco que se fez, isso não significa triunfo nem grande reconhecimento de algum trabalho. Significa puramente ostentação.
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